Acordamos cedo, tomamos nosso desayuno (café da manhã) e conseguimos sair antes da 7 da manhã, fizemos uma caminhada de uns 20 minutos e estávamos na padaria marcada. Viu que já começamos a aprender um pouco de espanhol... Começamos e conhecer o pessoal que iria com a gente no downhill, alguns americanos, canadenses, suíços, franceses, ingleses e nós somente de brasileiro!
Quando o guia chegou, foi nossa primeira surpresa, ele não falava espanhol, somente inglês e muito rápido, não fazia nenhuma questão que nós o entendesse. Um casal francês também não conseguia entender o inglês, então durante o percurso de La Paz (3700m) a La Cumbre (4.700m) o guia ia explicando em inglês e um senhor da Califórnia ia explicando pra gente em Inglês também, porém com uma boa vontade melhor e falando bem mais devagar. Quando chegamos lá em cima onde sairíamos 50% das informações nos conseguimos entender.
A van que nos levou parou na beira de um lago maravilhoso, atrás montanhas nevadas, um frio de 2ºC as 9h da manhã. Aí começaram a nos encher de roupas... Calça, Jaqueta, Colete, um protetor pro pescoço, nariz e ouvido, óculos, luvas, etc... Até que ficamos com uns 5 kgs de roupa, instruções finais passadas - o que entendemos era somente pra mantermos distância uns dos outros e que iria parar bastante para reagrupar todos - e por volta das 9:30h começamos a descida.
Na descida um fotografo da agencia de bike nos acompanhou e por sorte ele falava espanhol, aí começamos a entender melhor as instruções.
Os primeiros 20 kms (+ ou - pois não tinhamos velocímetro) foram de asfalto, com uma descida simplesmente maravilhosa acredito que chegamos próximo dos 70 km/h. O frio era muito, o nariz congelava mesmo com o protetor, a cada 10 minutos parávamos para reagrupar, todos estavam descendo muito bem. Paramos em um vilarejo, onde compramos os ticktes do parque onde fica a estrada da morte (R$ 5,00) e ali alguns colocaram a bike na Van, pois havia 5 kms de subida. Eu não ia fazer essa feiura, fui pedalando, mas as pernas não estavam tão oxigenadas na altura, além do peso da bike (Kona full suspension) dificultaram bastante a subida, depois de ralar um pouco, chegamos na estrada de terra.
A adrenalina já estava alta, mas daqui em diante começa a verdadeira aventura...
Paramos para um lanche por volta das 11h da manhã e recebemos as orientações, na Estrada da Morte segue-se a mão inglesa, ou seja, você deve andar sempre do lado esquerdo, justamente o lado dos precipícios. Além disso a estrada está ativa e passam carros e vans por ela, portanto o cuidado deve ser redobrado durante a descida.
Para falar sobre o visual: fantástico, maravilhoso, espetacular, majestoso, divino, emocionante, empolgante e tantos outros adjetivos que você queira usar. A estrada em sua grande maioria passava ao lada de um verdadeiro abismo imenso, qualquer erro seria fatal, desde 2001 quando iniciaram os passeios de bike, já foram 19 mortes de ciclistas turistas.
Como eu não queria perder nada daquele visual acabei não soltando a bike e desci relativamente devagar, sempre esperando a Rosana e reagrupando com o pessoal por diversas vezes. A parte mais fantástica é quando passamos por cachoeiras que caem sobre a estrada, são 2 ou 3 cachoeiras seguidas, fantástico!
Conforme íamos descendo também tirávamos as peças da roupa, pois o calor começava aumentar, no final estávamos como se tivéssemos pedalando por aqui no Brasil.
Por volta das 4h da tarde a Rosana já estava cansada de pedalar, então pegou carona na Van, a partir dessa hora os precipícios já não eram tão imenso e eu comecei a soltar mais a bike e curtir uma adrenalina um pouco maior.
Já bem lá em baixo, passamos dentro de alguns riachos, quem ainda não tinha molhado bastante na cachoeira, aqui não teve jeito. Já avistávamos Coroico, mas não fomos pra cidade de Coroico e sim para um restaurante que fica ainda mais baixo, cerca de 1.400m, chegamos por volta da 16:30h, completando os 67 km.
Ali esperaram-nos com uma cerveja gelada (preferi uma coca-cola, rsrs..), com um almoço e pudemos tomar um banho quente para recuperar a enregia... O dia não acabaria aí!
A segunda parte da aventura começa quando colocamos nossas bikes de volta na Van e o motorista retorna pela Estrada da morte. Saimos do restaurante quase 18h e o dia já começava querer escurecer, o motorista querendo chegar no asfalto ainda claro, subiu aquela estrada parecendo que estava fazendo rally, os canadenses chegaram a reclamar, mas não adiantou muito. Nas curvas fechadas, ele dava algumas buzinadas e acelerava, dizendo que aquele horário não descia ninguém. NA Van rolou um clima bem tenso, alguns reclamavam, outros ficaram meio pálidos, mas deu tudo certo!
Como no outro dia nosso plano era deixar La Paz, nós e os suíços acompanhamos o Guia até a sua casa para pegarmos o cd de fotos que tínhamos direito. Ele gravou nossos cds e pegamos um táxi pro hostel.
Antes de entramos já passamos em um restaurante japonês, comemos uma sopa e sashimis e fomos pro quarto, já eram 21:30h.
Resolvemos sair a noite para dar uma volta em La Paz, era comemoração da independência, um desfile interminável do exército, acredito que membros do governo também desfilaram, várias horas de desfile e muuuiiiitttta gente! PRa não perder o costume, comemos de novo um lanche e fomos pro Loki.
Era noite de sábado e no Pub haveria a festa do Pirata, passamos lá para dar uma olhada, foi muito engraçado, o pessoal fantasiado com umas máscaras enormes, rolando um som meio árabe, todo mundo rachando de louco, não era pra nós... Fomos dormir, pois no outro dia cedo deixaríamos o Loki, para irmos a Chacaltaya e viajar pra Copacabana. Durante a noite apesar do sono pesado, escutávamos a gritaria do pessoal, no outro dia tinha vaso quebrado no chão, pedaços de fantasia nas escada, o Loki estava semi destruído, foi uma festa de muita loucura...
Nós muito cansados dormimos feito anjos!